sábado, 8 de outubro de 2011

O Dom parte final

A festa estava chegando ao final e naquele momento enquanto todos se divertiam com muita música, refrigerantes, doces, salgados e pãezinhos - na Bahia em todos os aniversário tem um pãozinho que dificilmente é encontrado em outros estados do Brasil, denominado pãozinho delicia ele não entra nem na categoria de salgados nem de doces, ele é apenas Pãozinho - eu começava a fazer a contabilidade da festa.

Antes da festa começar eu tinha certeza de ganhar pelo menos 20 presentes e com essa quantidade a chance de ganhar meu tão esperado presente era altíssima, porém as coisas não andaram como eu havia planejado. Até aquele momento eu tinha 1 LP de Sidney Magal, 1 linda camisa, 5 bolas chuveirinho que somando davam 7 presentes e uma linda lição que eu levaria para o resto da minha vida: de alguns a gente espera um peba e ganha um LP, de outros a gente espera um presente e não ganha nada, é melhor um peba do que um nada.

Eu já como um grande torcedor do Bahia esperava o apito final, pois é próximo a ele que estão guardadas as maiores emoções do tricolor de aço, quando meu pai olhou para o relógio e com o apito já na boca ouviu o tocar da campanhia. Nenhum convidado naquela festa acreditava que naquela hora ainda poderia aparecer mais algum convidado, mas eu acreditava e estava certo. Ao longo das escadas surgiam Marquinhos e seu primo Alexandre que estavam chegando para fechar a festa e para minha surpresa cada um com um presente na mão.

Marquinhos morava no apartamento acima do de Rodrigo e Alexandre estava iniciando as férias de 2 anos na casa de Tio Chico, pai de Marquinhos. Naquele dia Dona Lucia havia saido para jantar com Tio Chico, e Marquinhos ficou com a responsabilidade de se alimentar. Aquele era um momento raro na vida de Marquinhos e ele queria aproveitar ao máximo aquela oportunidade e aproveitou. Aproveitou tanto que quando iniciou o jantar Rodrigo nem tinha se arrumado para a festa e somente terminou de jantar quando meu pai já estava pronto para o apito final.

Por alguns instantes eu quase acreditei na realização do meu sonho, mas tem dia que a gente chuta bola na trave, na perna do goleiro, na mão do juiz, na orelha do zagueiro, na barriga do bandeirinha e até na pereba do dedão mesmo usando todas as proteções fisicas e espirituais possiveis, mas não fazemos o infeliz do gol. E foi assim que aconteceu naquele dia, eram mais duas bolas chuverinhos para minha coleção.

Fernando e Andrevan já estavam disputando quem colocava mais docinhos no bolso da bermuda, quando minha avó vendo aquela cena reclamou:

- Parem com essa confusão esses meninos! Dá aqui esses docinhos e da próxima vez tragam uma sacolinha de casa.

Fernando como não saia sem deixar a dele, com a maior cara dura, respondeu a minha avó:

- Pode ser a bolsa de minha mãe também?

Meu pai vendo o inicio da confusão anunciou:

- Obrigado todos pela presença, mas estamos encerrando a festa antes que meu querido filho tenha pesadelos com bolas chuverinhos.

Todos começaram a sorrir até que Hux não perdeu a oportunidade e completou:

- Que nada Tio esse menino vai ser um grande jogador de futebol!!!!

Naquele momento eu descobria meu verdadeiro Dom. Começava a aprender que na vida tudo tem uma explicação e a entender o sentido da frase "Deus escreve certo por linhas tortas".

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